GLOBÁLIA

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segunda-feira, junho 12, 2006

Filo-terrorismo



O meu maior sonho é explodir-me, segundo as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Tal remete para a implosão em Leganés, periferia de Madrid, e recoloca o integrismo islâmico no centro da análise fazendo de Espanha o paiol da Europa. Cercados pela polícia, os terroristas não hesitaram em auto-imolar-se numa vivenda de 4 andares.

Porquê? agressividade grupal pela ocupação do Médio Oriente pelos EUA?; ausência de modernização?; anti-judaísmo? pobreza e dependência generalizada? Tudo conduz ao ressentimento dos muçulmanos e do mundo árabe que utilizam a vingança para resgatar a honra. Um árabe prefere morrer em dignidade a viver na humilhação e vergonha. E o que se passa neste momento é que nunca a vergonha foi tão grande.

As crianças não querem ser médicos ou professores, querem ser mártires e matar os israelitas (e o Ocidente). Numa parede em Gaza lê-se: “Se eles têm a bomba atómica, nós temos a bomba humana”. Será que haverá uma filosofia do martírio por amor ao Céu e ao Paraíso (sem noiva)? Ou será que este filo-terrorismo espelha o niilismo de quem quer ser o coveiro do Ocidente? Dum lado estão séculos de razão, de cristianismo, de Platão, Kant e Hegel; do outro estão os sentidos que nunca mentem e mostram o real, o ser e a mudança. Logo, a mentira, segundo os integristas, está na razão e nas suas abstracções com que distorcem o real.

Daí o recurso ao niilismo como combate à miséria intelectual do Ocidente rico, negando os seus valores. A chantagem da subsidiária terrorista para a Europa traduz uma nova leitura dos valores da existência entre duas civilizações: o Cristo e o Anti-Cristo. Desconheço se a Al Qaeda (AQ) leu Nietzsche, mas o ódio e a violência praticados são tentativas de remeter o Ocidente para a noção de pecado e culpa por uma degenerescência psíquica e fisiológica ligadas ao cristianismo.

Cada acto de martírio é uma Vontade de Poder dos fracos na luta contra a prepotência do Ocidente: infligindo dor sobre o prazer, caminhando do niilismo passivo (espectáculo ignóbil do mundo) para o niilismo activo (revolta destruidora) dos que não se resignam à assistir às ruínas dos seus antigos ideais: o califado universal.

Daí a conversão do mundo numa favela incendiária pelo festim terrorista, sua última chance de matarem o (outro) Deus. Arafat preferia meter uma bala na cabeça a entregar-se. E o lema é: eu mato, logo existo. Fórmula que a AQ globalizou, talvez inspirado por Zaratustra. Pobre do Omar Bakri ante Nietzche.
Estes actos, ainda recentes e frescos na nossa memória, deveriam acautelar as multidões em fúria e completamente alienadas que hoje fazem do mundial de futebol o novo ópio do povo. Os serviços de intelligence - cá do burgo são o que são (até o ex-salarazista Veiga Simão/ministro da Defesa mandava a lista dos agentes de informações para o jornal Independente, como se dum recorte duma notícia de culinária se tratasse... tamanha a incompetência senil da brigada do reumático que nos desgovernou) - os da Europa, apesar de tudo, ainda são um pouco menos falíveis, mas caldos de galinhas nunca fizeram mal a ninguém. Afinal, como diz ali em baixo Rufin, autor de Globália, a Democracia também tem os seus perigos, e hoje mais do que nunca...

1 Comments:

  • At 9:51 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    ... a pobreza e a miséria é o terereno propicio ao nascimento de idolos que prometendo o universo eterno levam consigo todos aqueles que nada têm a perder...
    é assim em qualquer parte do mundo ...não é exclusivo do médio oriente ... acontece tanto na América do Sul como nos Subúrbios de Nova Iorque ... ou nos bairros sociais ou de lata nacionais...
    FORÇ'AÍ!
    js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt

     

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